Esculturas
Paulo Bordhin se dedica à arte criando esculturas desde 2002. Feitas em fio de alumínio com tratamentos distintos, fosco, brilhante, texturizado. Algumas peças são facilmente reconhecíveis, figurativas e outras abstratas com base ou suspensas, em dimensões variadas. As peças apresentam cores que também compõem determinantemente os trabalhos.
Estrutura à flor da pele:
É um clássico do estudo de anatomia artística: é preciso compreender a estrutura, por exemplo a óssea, para depois conceber sobre ela a musculatura e, por fim, revesti-la com pele e adereços. Paulo Bordhin subverte esta lógica: suas criaturas de fio de alumínio são diáfanas, têm a transparência conferida pelos espaços deixados entre as voltas e voltas do arame, formando malhas abertas, linhas que formam planos vazados, que por sua vez viram volumes, o que já se adivinhava em pinturas como Espectro ou Rede. Aqui, a estrutura está por assim dizer à flor da pele, as peças lembram asas de insetos ou folhas secas vistas contra a luz.
O resultado são criações, às vezes de grandes dimensões, mas paradoxalmente sem estrutura que as sustente; são como que feitas de ar, aprisionado e moldado pelo arame. A opção de Bordhin pelo fio de alumino se explica: ator, ele buscou um material que pudesse transportar facilmente para a coxia, a fim de trabalhar entre um e outro ato das peças que encena. A leveza do material, reforçada por seu brilho e tons claros, foi transposta ao natural para as peças acabadas; a maleabilidade do alumínio, por outro lado, confere às obras uma sensação de fragilidade, de efemeridade até. A par deste oco paradoxal que sustenta a estrutura, há ainda sugestão de movimento, como no ritmo sinuoso da Estrela-do-mar, no giro do Átomo, nas posturas dos animais e das figuras humanas. Dos adereços teatrais e da arte aplicada às peças levadas às exposições, não está ausente da obra de Bordhin um toque de humor; sentimos que se trata de um artista que se diverte enquanto cria – e que deseja transmitir este prazer ao seu público. — Adalberto Santos